finalmente reuniu a coragem para enviar ao marido a mensagem que passou três semanas redigindo: avisava que estava farta dos maus tratos e iria fugir. as malas estavam prontas na sala, a amiga já sabia que ela estava chegando, os filhos certamente entenderiam, não eram mais crianças e conheciam a situação. clicou no "enviar".
respirou fundo, fechou os olhos, contemplou o futuro. foi difícil, não era pessoa das mais valentes, mas era a melhor coisa a fazer, sem dúvida. quando se preparava para levantar, ouviu o som que acusava o recebimento de uma nova mensagem e checou a caixa de entrada. a missiva dizia:
"mensagem devolvida - caixa postal lotada."
tentou mais algumas vezes nos minutos seguintes, sem sucesso. depois foi tomada pelas dúvidas, pelo medo, lembrou-se da pressão familiar; no fim das contas, abandonou a idéia. continuou com aquele canalha, que a tratava como merda, por um ano e nove meses, até sua morte por ataque cardíaco. "tanto trabalho um dia mata esse infeliz", pensava, mas não imaginava que seria tão rápido.
deixou uma boa parte do seguro com os filhos, pegou o resto e se mudou para poços de caldas com josimar, o personal trainer bem-dotado.
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