segunda-feira, 15 de setembro de 2008

prima não é parente

ricardo era um cara meio canseira, que sempre tinha uma resposta engraçadinha pra qualquer coisa que você falava.

voltava do almoço com duas amigas do trabalho e o primo de uma delas, quando viram uma caminhonete quase atropelar um pobre manobrista no estacionamento do restaurante. passado o susto, era claro que o gracista teria uma frase a oferecer sobre o ocorrido:

'bah, esse pessoal que dirige caminhonete é foda! pra que um negócio desse tamanho? pura compensação peniana, diz aí!'

aníbal, o primo da colega, possuía uma toyota hilux, mas como não conhecia o pessoal direito, achou melhor não se manifestar. ficou calado enquanto ricardo martelava o mesmo comentário, rindo sozinho. na 14a repetição, não aguentou.

"tira ele pra fora então", desafiou.

renata, confusa, exigiu explicações sobre o que o primo queria dizer com aquilo.

"esse jacu de carrinho popular, comentando sobre o pau dos outros. tira aí então. vamos ver quem ganha."

e antes de que alguém pudesse falar qualquer coisa, desafivelou o cinto, tirou o botão, abriu o zíper e abaixou as calças e a cueca, revelando um apêndice que poderia lhe garantir uma carreira frutífera no cinema pornográfico.

orgulhoso pela força do seu argumento e pela dimensão de seu dote, vestiu as roupas e saiu andando rumo ao escritório, acompanhado pelas duas moças, que trocavam olhares surpresos e sorrisos lascivos. não havia comprado a caminhonete para ratificar sua masculinidade, mas simplesmente por não gostar muito de gente e sentir um estranho prazer em guiar por aí um veículo tão prejudicial para o meio ambiente. isso talvez não impressionaria tanto as jovens, então continuaria sendo o seu segredo.

já ricardo, humilhado pela irrefutável resposta do seu companheiro de almoço, ficou para trás, sozinho. dirigia um gol 1.0 - não por preocupações ambientais ou consideração pelos outros motoristas, mas pelas lembranças de olívia, a única namorada que já teve, que se mudou para o nordeste quatro dias depois de lhe oferecer sua virgindade no banco de trás daquele automóvel.

mal sabia ele que a parceira, por toda a duração da cópula, pensava em clodoaldo, o vigoroso capoeirista nos braços de quem estaria em menos de uma semana.

Um comentário:

Anônimo disse...

'ricardo era um cara meio canseira'
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