no caminho para a lanchonete, em busca do meu chicabon vespertino, encontrei reginaldo sentado no gramado ao lado do estacionamento, com as pernas cruzadas, contemplando algo com muita atenção - ao me aproximar, verifiquei que se tratava de um caramujo em seu esforço hercúleo para transpor um galho caído. sua expressão era grave e a mão no queixo indicava reflexão; me pareceu claro que havia um significado naquilo, e como não sou muito bom com subjetividades, fui questionar meu colega sobre o objeto de tão detida observação.
ouviu minha indagação sem tirar os olhos do molusco. ao notar que terminei minha frase, retirou os óculos, passou a mão no rosto, acariciou o cavanhaque. franziu as sobrancelhas, olhou para baixo por alguns segundos. inspirou longamente e finalmente ofereceu, convicto:
melhor que trabalhar, bróder. melhor que trabalhar.
fiz um breve movimento de cabeça, demonstrando concordância, e segui meu caminho. quinze segundos depois, virei para trás e vi reginaldo com o nokia 5120 em mãos, iniciando uma partida de snake (melhor jogo). o caramujo eu não vi, mas ainda devia estar nas imediações.
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Um comentário:
passa o teu blog pro reginaldo.
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