olha, não sei você, mas eu detesto moeda. sei que é dinheiro, compra coisa, tem que circular, mas essas porcarias só criam peso na carteira e ficam presas em todo canto. outro dia mesmo enfiei a mão no bolso de uma calça que eu não usava havia uns seis meses - dá certo a tal dieta da sopa, recomendo - e senti a presença de duas pastilhas metálicas. tentei tirar os níqueis para quantificar meu lucro, mas uma delas escapou dos meus singelos dedos de ciclope, caiu no chão e rodou por 25 milhas, até bater numa parede e deitar de lado.
revoltado com a atual composição do meio circulante brasileiro, caminhei até a pequena fortuna, por algum motivo que me foge - pra mim, uma moeda de 10 centavos no chão tem o mesmo apelo de uma sextape da preta gil. enquanto flexionava os joelhos para alcançar a pratinha, o barulho de dobradiça velha me lembrava de que simplesmente pagar as sessões de pilates não é suficiente; talvez seria interessante comparecer àquela câmara de tortura de vez em quando. também me veio à cabeça a imagem de aymara, a instrutora de alongamentos. deus a conserve daquele jeito.
descendo na medida do possível, consegui tocar o chão aproximadamente 19 minutos depois de iniciado o movimento. nesse momento, fui surpreendido pela figura mais bizarra com a qual já me deparei: atrás do bebedouro, uma pessoinha de aproximadamente sete centímetros me observava com uma expressão apavorada. ao notar que tinha minha atenção, saiu do esconderijo e tentou falar comigo, mas o sussurro agudo que produzia era incompreensível. aproximei-me para ouvir o que o bichinho estava dizendo, e só então atentei para a curiosa vestimenta do meu diminuto companheiro: camiseta vermelha, bermuda cáqui e um par de crocs amarelados. sem meia.
não titubeei: levantei-me em um só golpe e apresentei a sola do meu asics 46 pro infeliz. francamente. e se você usa crocs, meu amigo, agradeça diariamente pela bênção de não ser quarenta vezes menor que eu.
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