depois que as pessoas começaram a notar que asas estavam crescendo nas costas de diego, a pergunta que o jovem mais ouvia era sobre os benefícios que obteria com aquilo. nunca entendeu a dúvida, era uma questão um tanto óbvia: agora poderia acordar um tantinho mais tarde e não pegar trânsito ao ir pro trabalho, caso os novos apêndices permitissem um deslocamento tão longo.
as asas cresceram bastante e se mostraram muito úteis, inclusive compensando o prejuízo de se cortar buracos em todas as roupas utilizadas para a cobertura do torso. a facilidade e velocidade de locomoção permitiam-lhe aumentar a dedicação dispensada ao seu hobby: a montagem de quebra-cabeças. havia pouco tempo comprara um novo, cinco mil peças que supostamente formariam uma paisagem parisiense, e gastava quase todo seu tempo livre tentando resolver o jogo.
com o passar do tempo, sua obsessão pelo novo desafio crescia em progressão geométrica, e ele começou a esquecer todo o resto. abandonou hábitos de higiene, alimentava-se esporadicamente, não se encontrava com mais ninguém. em determinado momento, deixou de comparecer à repartição, causando um certo alívio a diversos colegas, que não se interessavam muito pela convivência com aquele cara meio esquisito.
rinaldo, com toda a antipatia que nutria por diego - e por praticamente todo o resto - e a inveja que tinha de suas asas, registrava sorridente no livro de ponto as faltas não-justificadas do rapaz. o abandono de emprego seria caracterizado em pouco tempo, e se veria livre daquele ser irritante, que agora passava seus dias cercado por quebra-cabeças completos, experimentando encaixes em seu novo problema, rumo à descoberta de que aquele diagrama estava incompleto. a resolução era impossível.
parece um destino cruel, mas se você pensar no tanto de gente nas ruas sem asas e subterfúgios, em suas vidas tomadas por inveja e livros de ponto, bem, até que não é tão ruim assim. o importante é o caminho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
 
 
3 comentários:
é. tipo ser um atleta e não ser um phelps?
acho que andam lendo seu bolrg na justiça eleitoral... na campanha lá tem até gente há quatro anos com abelha no ouvido e quem só anda em círculos. loko.
Ahahah
Nunca gostei de quebra cabeça. Se tivesse asas eu sairia por aí tirando fotos pra colocar no fotolog! hehe
Bjo!
Postar um comentário