segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

volta, tec toy

renatinho era o moleque daquelas propagandas de videogames de terceira geração. passava o tempo inteiro no seu quarto super transado, com uns posters do michael jordan e uma miniatura de avião pendendo do teto, brincando com o console. tinha todos os jogos, todos os acessórios - a pistola, o óculos 3d, até o maldito rapid fire, que ninguém sabia direito o que era. estava sempre na moda, com uma camisa de cor berrante por dentro da calça jeans desfiada, um m2000 brilhando nos pés, a mochila company encostada na parede. era alvo de inveja de milhões de garotos.

renatinho era tão fera que passou a vida inteira assim, jogando master system. não desenvolveu habilidade social alguma: sempre que abordado por alguém, simplesmente devolvia um sinal de hang loose e uma piscadela com o olho esquerdo, numa pose radical. deixou de ir à escola, não fez amigos, não se interessava por garotas; sua vida se limitava ao contato com aqueles dois botões e o direcional.

todos esses anos de alex kidd, safari hunt e psycho fox deixaram suas marcas. a repetição de uma série tão limitada de movimentos por tanto tempo foram enrijecendo progressivamente as mãos de renatinho, até que elas se transformaram em algo parecido com garras. seus mínimos, anelares, médios e indicadores mantiveram-se juntos e curvados para dentro, em posição perpendicular ao polegar, também dobrado. suas mãos tornaram-se inúteis para quase tudo, mas ao menos ainda possibilitavam uma alternativa de diversão também bastante popular entre os gamers inveterados: a punheta.

impossibilitado de trabalhar, hoje vive com a grana obtida na década de 90, muito bem investida pelos pais - nem todo pai de child star é salafrário, afinal. há quem pense que essa é uma história triste, mas esses fazem oito horas por dia e nunca conseguiram chegar ao final de golden axe. questão de perspectiva.

Um comentário:

Anônimo disse...

'numa pose radical' okrokreokogerko

pobre renatinho