você já ouviu falar do candiru?
imagine-se na amazônia, explorando as belezas naturais e a fauna única do pulmão do mundo. calor equatorial, cooler de itaipava a tira-colo, você na beira de um dos sete zilhões de rios que correm por lá. bexiga enchendo, a calidez violentando, aquela mosquitaiada que só existe naquelas bandas mandando ver na sua cútis sensível de moleque de apartamento, daí você resolve: "foda-se, vou dar uma ponta nesse rio aí'.
vai com calma, claro, tem que respeitar a natureza. ali na margem é sujeira, as águas calmas são as mais traiçoeiras, mas é um mergulho rápido, só pra refrescar. tira a roupa - pouca gente olhando, irmandade com o planeta; numa situação dessas faz-se até necessário se desnudar - e vai feliz, vai rapidinho pra não trombar com um poraquê ou uma anaconda, aproveita e se alivia. contribui pro rio. é o ciclo da vida.
de repente, pimba. um impacto repentino em sentido contrário interrompe o fluxo. entrou o candiru na história.
candiru é um bichinho bonito que dá na água, mas ao contrário da spirogyra de jorge benjor, não é verdinho e nem um plancton, mas um peixe que fica ali na área, caçando às cegas, buscando umas cavidades, e... ele achou sua cavidade, amigo. ele entrou e ele não volta, porque uma vez lá dentro, ele se expande. abre um guarda-chuvinha de espinhos na sua uretra e fica lá chupando seu sangue. pra tirar, só na faca, e quem tem piru sabe que a simples idéia de uma faca transitando pela região já afeta o sono.
daí você escolhe. eu imagino que um peixe espinhando nos meandros da sua piroca não seja experiência das mais agradáveis, então no fim das contas você acaba na mesa do doutor, perna aberta, saco depilado e torcendo pro melhor enquanto a galera brilha no seu aparelho reprodutor. provavelmente vai dar tudo certo, a medicina está muito avançada, mas qualquer deslize e pronto, é amputação, é impotência, é a família destruída porque sua mulher não vai querer o celibato. ainda mais nesse momento da vida.
sua mulher chegou bem aos trinta - tá malhando, tá delícia, se conhece, sabe do que gosta. não tá na frescura, quer apimentar a relação, chamar outra moça, comprar roupinha de enfermeira. tá no ápice sexual e chega você todo fiadaputa, com uma bandagem parecendo uma fralda, tentando explicar que perdeu o poder de fogo por causa de um peixe amazônico. não vai ter jeito, ela vai embora com o capoeirista, vai levar a filhota e você vai ficar sozinho em casa, na cachaça, emasculado.
situação tensa. coisa de tiro na cabeça.
pois não sei se vocês sabem, mas um dia eu ainda serei o rei de tudo. é questão de tempo. nesse dia, podem ter certeza: sendo você um desses putos que vai ao cinema pra ficar conversando e rindo alto e atendendo celular e mostrando como você é culto e conhece os atores e desvendou as nuances da obra, o destino será uma banheira cheia de candirus após o consumo de três litros de cerveja. depois não diga que eu não avisei.
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