terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

não espere foco

a principal consequência da minha recente ascensão na hierarquia da firma onde eu trabalho foi um sensível aumento no número de reuniões em que minha participação é requerida. como se isso não fosse suficientemente ruim, em boa parte dessas reuniões também figura um sujeito que sempre está trajando um par de mocassins sem meia, seja lá quais forem as outras peças que compõem a sua indumentária. isso me irrita mais do que eu gostaria de admitir.

boa parte dessas reuniões desandam em algum momento, transformando-se em discussões de assuntos completamente estranhos ao objetivo inicial, não raramente partindo para o que se convencionou chamar de "papo furado". quando isso ocorre, busco alguma distração que me mantenha na cadeira, e não fazendo algo que preste em algum outro lugar. um exemplo: imagino-me utilizando algum aparato presente na sala - o cavalete de sustentação do flipchart, talvez - para golpear o rapaz do mocassim. outro exemplo: penso em ruivas. japonesas. negras, eventualmente. ruivas, na maioria das vezes.

o leitor atento e fiel (hah) observou, com toda razão, que não é a primeira vez que algo desse tipo aparece por essas bandas virtuais. a violência organizacional fictícia já foi abordada algumas vezes, nunca de forma digna de nota superior a sete, o que pra mim já está muito bom, se você quiser saber. são alguns dos poucos momentos em que me permito tratar sobre a minha vida pessoal neste blog - apesar do que parecem pensar alguns dos meus milhares de fãs, quase nada do que se lê aqui tem qualquer coisa a ver com o que realmente ocorre no decorrer da minha existência.

dá pra entender de onde vem essa idéia. blogs surgiram como diários confessionais, onde pessoas desinteressantes contam suas histórias sem graça para absolutamente ninguém ler. eu, desprovido de vontade de expor a minha rotina monga, mas com algum gosto pela escrita, sempre tentei me expressar de outras maneiras, constantemente perseguido pela mediocridade, mas protegido pelo slogan que há muito adorna o cabeçalho do layout: "se prestasse, não era de graça". é por aí mesmo. achou ruim, vá assinar a bravo ou reclamar com o bispo.

entretanto, para sacudir (e abalar) os lençóis que protegem os arquivos deste blog da poeira, considero a hipótese de relatar com maior assiduidade as subidas e descidas dessa viagem turbulenta rumo a jebus sabe lá onde. e por que não? exercito a pena e aproveito para documentar a minha gradual decadência, em que a rotina laboral lentamente drena toda a minha jovialidade, inteligência e bom senso, até o ponto em que eu começarei a me portar de forma completamente demente, achando normal sair de casa com os pés protegidos apenas por um par de mocassins.

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